quarta-feira, 26 de junho de 2013

Trabalhando com projetos- 231

Turma 231/13, abaixo vocês tem uma das partes do projeto, portanto devem concluir, colocando:
Tema;  Problema; Justificativa; Hipótese (3); Objetivo geral e específicos (3); Revisão da Literatura;  Metodologia; Cronograma; Referências Bibliográficas.
Vocês podem escolher aquele que melhor julgarem para poder fazer o projeto, lembrando que há justificativas (início), objetivo geral ou específico... De um deles deve sair o projeto fictício, mas nada pode ser copiado da internet... Não há necessidade de ser muito extenso, mas deve seguir os passos e ser entregue na primeira semana após as férias de julho, afinal muito tempo sem fazer nada,  não pode!!!kkkk
O trabalho pode ser realizado em duplas, trios ou quartetos. Sozinho??? Não vale!!!
1- O presente trabalho tem por objetivo estimular não somente a leitura como também chamar a atenção dos jovens alunos para um problema que cresce a cada dia e que toma proporções avassaladoras, tanto é que o mundo hoje está disposto a lutar para ter um ambiente melhor para se viver.
2- CRIANDO HQS (HISTÓRIAS EM QUADRINHOS), PARA INCENTIVAR A LEITURA DE CRIANÇAS.
3- O presente trabalho tem por objetivo estimular a leitura nas crianças, principalmente do ensino fundamental, tendo em vista que ela pode ser a autora de diversas histórias através do programa HQ.
4- Identificar situações onde elementos do campo e da cidade se integram.
5- Debater sobre a importância de se cuidar do patrimônio público.
6- O presente trabalho visa salvar vidas em casos não muito frequentes do dia-a-dia, uma vez que no município em que o mesmo será desenvolvido não há corpo de bombeiros e muitas casas já queimaram sem que nada pudesse ter sido feito pelos moradores.
7- Promover intercâmbio de conhecimento entre alunos de diversas séries sobre os livros lidos.
8- O presente trabalho tem por objetivo recrear e incentivar os alunos a atuarem em sala de aula e também fora da mesma, tendo em vista que os maiores deverão apresentar as peças para os menores em dia a ser marcado. Ele também envolverá o trabalho em educação artística para a confecção de fantoches e máscaras.
9- O presente trabalho tem por objetivo estimular o educando a participar mais ativamente nas aulas de educação física e ao mesmo tempo mostrar-lhe que com pouco material se pode fazer muito.
10- O presente trabalho tem por objetivo despertar no educando o interesse pela cultura local, bem como o resgate de diversas lendas e costumes do nosso povo.
11- Criar pequenos textos, bem como charges e histórias em quadrinho.
12- Selecionar reportagens e matérias para a edição do jornal.
13- Recordar exercícios vistos em sala de aula, bem como o conteúdo.
14- O presente trabalho tem por objetivo recrear e incentivar os alunos a atuarem em sala de aula e também fora da mesma, tendo em vista que os maiores deverão apresentar as peças para os menores em dia a ser marcado. Ele também envolverá o trabalho em educação artística para a confecção de fantoches e máscaras, bem como o domínio de outras disciplinas para a criação dos textos a serem dramatizados.
15- Prever o futuro através de astrologia visando o maior interesse no estudo.

Movimentos modernistas

Caros alunos da 231/13, vamos ver até onde vai a imaginação de vocês. A tarefa é:  em grupos ou individual, devem pesquisar sobre os movimentos: cubismo, dadaísmo, expressionismo, futurismo e surrealismo, responder o questionário e... com muita criatividade... Decorar o mural da sala de aula. O nome dos artistas deve ficar atrás das obras de arte, pois as melhores serão escaneadas e virão para o blog. Vale fazer releitura de obras... Por último, a criação de um movimento...
Obs: Todo o trabalho deve ser feito pelos componentes. (quem optar por grupo, o grupo todo deve ter tudo igual: as respostas e o movimento...)
Aproveitem o tempo e procurem responder:
1- Qual a nacionalidade do poeta Marinetti e que movimento fundou?
2- Que movimento, ocorrido entre 1920-30, teve seu declínio com o acesso de Hitler ao poder?
3- A denominação cubismo vincula-se às formas dominantes num quadro. Qual o título deste e quem o pintou?
4- Que significa a expressão esprit nouveau e a que movimento está associado?
5- A exploração do inconsciente, dos sonhos e da hipnose relaciona-se a que movimento artístico?
6- Os nomes Marc Chagall, Paul Klee, James Joyce e Franz Kafka são geralmente relacionados a que movimento da arte moderna?
7- Qual a diferença entre poesia ortônima e heterônima, relativamente a obra de Fernando Pessoa?
8- Qual o significado da palavra surrealismo?
9- Dentre os movimentos em estudo, qual o que se opõe a destruição das bibliotecas e museus?
10- Que é a escrita automática e a que movimento esteve associada?


Muito bem... Chegou a vez! (individual ou em grupo)
Criar um movimento, citando:
as possíveis inovações;
os autores;
aspectos que enfatiza;
em que área atua (pintura, escultura, escrita...);
a que outro movimento poderia se opor...

domingo, 16 de junho de 2013

Versificação- 1º ano

Turma, aqui vocês precisam colocar uma quadra, sendo feita a escansão e análise completa quanto à versificação. A última sílaba deve estar em negrito e o nº de sílabas poéticas ao lado de cada verso. Lembrando: não vale copiar dos colegas, muito menos pegar a próxima quadra do mesmo autor... Deve ter o nome da poesia e do autor. Se possível, nome do livro, do autor do livro (começar pelo sobrenome em maiúsculo), ano e página. Se for retirada de site, deve ser colocado o nome do site e o dia do acesso.
Espero que estejam gostando da diversidade de atividades... Não se afobem e aguardem as explicações...

Biblioteca- Festejando Vinicius de Moraes



Os alunos do 3º ano (2013) estão organizando a biblioteca da escola em comemorção ao Centenário de Vinicius de Moraes. Além disso eles terão outras tarefas, tais como:
- para o dia do estudante eles estão divididos em três grupos: poesia, teatro e música e devem fazer apresentações para os d+ colegas;
- farão HQs de músicas e poesias;
- no blog, sugeri que eles façam uma suposta entrevista com Vinicius, pardiando a que foi feita com Drummond... O recurso é esperar e ver no que vai dar!
Turma, conto com vocês... Espero que a biblioteca fique linda!!!

Maquetes: planície, planalto



Os alunos da 6ª série realizaram esta atividade e depois explicaram para os d+ colegas da escola Tadeu Silveira- Pinhal da Serra.

2ª etapa do curso de musicalização



Apesar de haver muito mais pessoas na 1ª etapa, esta valeu a pena! Aprendemos a tocar flauta! É claro que teremos de continuar a nos edicar ao instrumento, pois haverá outro módulo...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

terça-feira, 11 de junho de 2013

Conto: A Cartomante

Alunos da 211/13, abaixo está o conto "A Cartomante", o grande desafio é fazer um novo final. Deixarei livre o grupo e o número de integrantes, mas lembrem-se... Como trabalhar em grupo se apenas um diz o que fazer???

A Cartomante

Machado de Assis

Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
— Errou! Interrompeu Camilo, rindo.
— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...
— Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
— Tu crês deveras nessas coisas? perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muito cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranqüila e satisfeita.
Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se, Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura, e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.
— É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor.
Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vente e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.
Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente, e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração; não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: — a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.
Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.
— Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com a das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a...
Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.
No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas cousas com a notícia da véspera.
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no papel.
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando na pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a idéia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou então, — o que era ainda peior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. "Vem já, já à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas, assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a idéa, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.
— Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim...
Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar; a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.
Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar a primeira travessa, e ir por outro caminho; ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a idéia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:
— Anda! agora! empurra! vá! vá!
Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas; mas a voz do marido sussurrava-lhe às orelhas as palavras da carta: "Vem já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar... Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários; e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia..." Que perdia ele, se...?
Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para os telhados do fundo. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A cartomante não sorriu; disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez as cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.
— As cartas dizem-me...
Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável mais cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
— A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.
Esta levantou-se, rindo.
— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...
E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.
— Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar?
— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.
— Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá tranqüilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...
A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.
Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.
— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.
E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: — Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.
Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?
Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensangüentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.

Este conto foi publicado originalmente na Gazeta de Notícias - Rio de Janeiro, em 1884. Posteriormente foi incluído no livro "Várias Histórias" e em "Contos: Uma Antologia", Companhia das Letras - São Paulo, 1998, de onde foi extraído.

Entrevistando Carlos Drummond de Andrade

Alunos do terceiro ano/13, vamos ver se vocês realmente são tão bons quanto me fazem acreditar...
Abaixo está uma suposta entrevista com Drummond. O autor imaginou as perguntas e utilizou-se de fragmentos de poesias do autor para as respostas.
DESAFIO: Fazer parecido, porém com o autor Vinícius...
1. DRUMMOND, COMO VOCÊ ENXERGA SUA VINDA AO MUNDO?
Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! Ser guache na vida.
( Poema de Sete Faces. Op. Cit.,p.13)

2. COMO FOI SUA INFÂNCIA?
Minha mãe ficava sentada cosendo
Olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que de Robinson Crusoé.
( Infância, Op. Cit., p.54.)

3. DRUMMOND, VOCÊ ACHA POSSÍVEL UMA EXISTÊNCIA SEM OBSTÁCULOS?
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas rotinas tão fatigadas.
nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

4. O QUE VOCÊ ACHA DA FAMA?
O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.

Enquanto isso o poeta federal
tira outro do nariz.
(Política Literária, op. Cit.,p.61-62.)

5. VOCÊ CONCORDA QUE O POETA SEMPRE TRAVA UMA LUTA COM A PALAVRA QUANDO QUER EXPRESSAR SEUS SENTIMENTOS?
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto,vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
( Poesia, op. Cit.,p. 65)

6. COMO VOCÊ ENCARA A MONOTONIA DA VIDA?
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham

Êta vida besta, meu Deus.
(CidadezinhaQualquer.Op.Cit.,p.67)

7. MUITOS CRÍTICOS VEEM PESSIMISMO EM SUA OBRA. VOCÊ SABERIA DIZER A RAZÃO DESSE PESSIMISMO?
Perdi o bonde e a esperança
Volto pálido para casa
A rua é inútil e nenhum auto
Passaria sobre meu corpo.

Vou subir a ladeira lente
Em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
Princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo
Ou se é alguém que se diverte
Por que não ? na noite escassa

Com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
Nós gritamos: sim! Ao eterno.
(Soneto de Perdida Esperança .Op.cit.,p.84)

8. VOCÊ SENTE NOSTALGIA EM RELAÇÃO À SUA CIDADE NATAL?
Alguns anos vivi em Itabira
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste,orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
Vem de Itabira, de suas noites brancas,sem mulheres e sem
[ horizontes.]
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
É doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
Este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
Este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

Este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro,tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é penas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
(Confidência de Itabirano.Op.cit.,p.101-102)

9. DRUMMOND,EM ALGUNS VERSOS DE SUA PRIMEIRA OBRA (Alguma Poesia), NOTAMOS UM TIPO DE HUMOR SEMELHANTE AO DOS MODERNISTAS DA PRIMEIRA FASE. DEPOIS, VOCÊ VIVEU A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. O CLIMA DE ANGÚSTIA E DE MEDO REINANTE NA ÉPOCA LEVOU-O A ALTERAR A TEMÁTICA DE SUA OBRA?
Provisoriamente não cantaremos o amor,
Que se refugiou mas abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos, que esteriliza os abraços,
Não cantaremos o ódio porque esse não existe,
Existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
O medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
O medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
Cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
Cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
Depois morreremos de medo
E sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
( Congresso Internacional do Medo.Op.Cit.,p.105)

10. AFINAL, QUAL É A SUA PROPOSTA ENQUANTO POETA?
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade.
0 presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
( Mãos Dadas. Op.Cit.p.111)

11. DRUMMOND, QUAL É A MATÉRIA DA SUA POESIA?
Poeta do finito e da matéria,
cantor sem piedade, sim, sem frágeis lágrimas,
boca tão seca, mas ardor tão casto.
Dar tudo pela presença dos longínquos,
sentir que há ecos, poços, mas cristal,
não rocha apenas, peixes circulando
sob o navio que leva esta mensagem,
e aves de bico longo conferindo
sua derrota, e dois ou três faróis,
últimos! Esperança do mar negro.

Essa viagem é mortal, e começa-la.
Saber que há tudo. E mover-se em meio
a milhões e milhões de formas raras,
secretas,duras. Eis aí meu canto.
( Consideração do Poema. Op. Cit.,p.137-138)

12. ONDE ESTÁ A POESIA, DRUMMOND?
Penetra surdamente no meio das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escreve-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.

Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
(Op. Cit.,p.138-139)

13. E DEUS?
Responde, por favor: Deus é quem sabe?
Sabe Deus o que faz?
Deus dá o pão, não amassa a farinha?
Deus o dá, Deus o leva?
Pertence-lhe o futuro?
Deus te dá saúde? Deus ajuda?
a quem cedo madruga?
Será que Deus não dorme?
E é Deus por todos, cada um por si?
Deus consente, mas nem sempre? Deus
perdoa,Deus castiga?
Deus me livra ou salva?
Deus vê o que o diabo esconde?
De hora em hora Deus melhora?
Mas é se Deus quiser?
E Deus quer?
Deus está em nós? E nós,
responde, estamos nele?
(Rifoneiro Divino.In: A Paixão Medida.Rio de Janeiro,Liv.José Oliympio Ed.,1980.p.56)

As princesas soltam pum


Primeiro momento: arrumação... Em seguida fomos para as salas de aula.


 O baú que contém o segredo das princesas...  Minha amiga Elisiane levando oa alunos à biblioteca.
 Turma ouvindo e interagindo na história: As princesas soltam pum