sexta-feira, 19 de novembro de 2010

papos

Vejam só que barato...
Acho que este texto mostra bem como agir em termos de colocação pronominal... Talvez meio exagerado... Até parece eu, né? Ai, é de doer os ouvidos, mas vamos lá... Acho Luís Fernando Veríssimo um gênio do humor... (pra quem entende, é claro)
Colocação pronominal é um dos grandes problemas que o falante de Língua Portuguesa enfrenta. E a crônica abaixo, de Luís Fernando Veríssimo, mostra bem isso:
Papos
- Me disseram...
- Disseram-me.
- Hein?
- O correto é "disseram-me". Não "me disseram".
- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é "digo-te"?
- O quê?
- Digo-te que você...
- O "te" e o "você" não combinam.
- Lhe digo?
- Também não. O que você ia me dizer?
- Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
- Partir-te a cara.
- Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
- É para o seu bem.
- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...
- O quê?
- O mato.
- Que mato?
- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
- Eu só estava querendo...
- Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
- Se você prefere falar errado...
- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?
- No caso... não sei.
- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
- Esquece.
- Não. Como "esquece"? Você prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou "esqueça"? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
- Depende.
- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.
- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
- Por quê?
- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.
E agora? Como desfazer esse "nó"?Segundo a Gramática Normativa, são três as posições que o pronome pode ocupar na sentença: PRÓCLISE (antes do verbo), MESÓCLISE (intercalado ao verbo) e ÊNCLISE (depois do verbo).
IMPORTANTE: Apesar de existirem todas essas regras, não podemos nos esquecer de que o importante mesmo é se comunicar, entender e se fazer entender. Temos uma norma na Língua Portuguesa, mas temos também falantes que a utilizam e atuam sobre ela. Portanto, tente usar as regras, mas sem exageros! "Se comunique"!!!

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