quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Pontuação

1. Vírgula Emprega-se a vírgula (uma breve pausa):a) para separar os elementos mencionados numa relação: A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas, analistas de sistemas e secretárias. O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar, área de serviço e dois banheiros.
NOTAMesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da enumeração, a vírgula deve ser empregada:
Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz alta, e ria, e roía as unhas.
b) para isolar o vocativo: Cristina, desligue já esse telefone! Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete.
c) para isolar o aposto: Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no elevador. Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino.
d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso etc.): Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos economizado durante anos. Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.
e) para isolar o adjunto adverbial antecipado: Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas. Ontem à noite, fomos todos jantar fora.
f) para isolar elementos repetidos: O palácio, o palácio está destruído. Estão todos cansados, cansados de dar dó!
g) para isolar, nas datas, o nome do lugar: São Paulo, 22 de maio de 1995. Roma, 13 de dezembro de 1995.
h) para isolar os adjuntos adverbiais: A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio. Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio gerente.
i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela conjunção e: Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança. Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir. Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.
j) para indicar a elipse de um elemento da oração: Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras, estrebuchava como um animal. Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que foi um acidente.
k) para separar o paralelismo de provérbios: Ladrão de tostão, ladrão de milhão. Ouvir cantar o galo, sem saber onde.
l) após a saudação em correspondência (social e comercial): Com muito amor, Respeitosamente,
m) para isolar as orações adjetivas explicativas: Marina, que é uma criatura maldosa, "puxou o tapete" de Juliana lá no trabalho. Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por Graciliano Ramos.
n) para isolar orações intercaladas: Não lhe posso garantir nada, respondi secamente. O filme, disse ele, é fantástico.
2. Ponto Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de um frase declarativa de um período simples ou composto. Desejo-lhe uma feliz viagem. A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu interior era conservado com primor. O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por exemplo: fev. = fevereiro, hab. = habitante, rod. = rodovia. O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome de ponto final.
3. Ponto-e-vírgula Utiliza-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa maior do que a da vírgula, praticamente uma pausa intermediária entre o ponto e a vírgula. Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:
a) separar orações coordenadas que tenham um certo sentido ou aquelas que já apresentam separação por vírgula: Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma doidivanas.
b) separar vários itens de uma enumeração: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;
. . . . . . . . (Constituição da República Federativa do Brasil)
4. Dois-pontos Os dois-pontos são empregados para:
a) uma enumeração: ... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo porque falou: e daí tornou atrás, ao próprio ato.Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível...(Machado de Assis)
b) uma citação: Visto que ela nada declarasse, o marido indagou: - Afinal, o que houve?
c) um esclarecimento: Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse, mas para magoar Lucila. Observe que os dois-pontos são também usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso, descriminar/discriminar etc. Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada na frase de per si (= cada um por sua vez, isoladamente). Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, longinho, melhorzinho, pouquinho etc.
NOTA A invocação em correspondência (social ou comercial) pode ser seguida de dois-pontos ou de vírgula: Querida amiga: Prezados senhores,
5. Ponto de interrogação O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta, ainda que esta não exija resposta:
O criado pediu licença para entrar:
- O senhor não precisa de mim?
- Não obrigado. A que horas janta-se?
- Às cinco, se o senhor não der outra ordem.
- Bem.
- O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a cavalo?
- Não.(José de Alencar)
6. Ponto de exclamação O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com entonação exclamativa, que normalmente exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc. - Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito compreensível e muito repousante, Jacinto! - Então janta, homem!(Eça de Queiroz)
NOTA O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas: Oh! Valha-me Deus!
7. Reticências As reticências são empregadas para:
a) assinalar interrupção do pensamento: - Bem; eu retiro-me, que sou prudente. Levo a consciência de que fiz o meu dever. Mas o mundo saberá...(Júlio Dinis)
b) indicar passos que são suprimidos de um texto: O primeiro e crucial problema de lingüística geral que Saussure focalizou dizia respeito à natureza da linguagem. Encarava-a como um sistema de signos... Considerava a lingüística, portanto, com um aspecto de uma ciência mais geral, a ciência dos signos...(Mattoso Camara Jr.)
c) marcar aumento de emoção: As palavras únicas de Teresa, em resposta àquela carta, significativa da turvação do infeliz, foram estas: "Morrerei, Simão, morrerei. Perdoa tu ao meu destino... Perdi-te... Bem sabes que sorte eu queria dar-te... e morro, porque não posso, nem poderei jamais resgatar-te.(Camilo Castelo Branco)
8. Aspas As aspas são empregadas:
a) antes e depois de citações textuais: Roulet afirma que "o gramático deveria descrever a língua em uso em nossa época, pois é dela que os alunos necessitam para a comunicação quotidiana".
b) para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias e expressões populares ou vulgares: O "lobby" para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil está cada vez mais descarado.(Veja) Na semana passada, o senador republicano Charles Grassley apresentou um projeto de lei que pretende "deletar" para sempre dos monitores de crianças e adolescentes as cenas consideradas obscenas.(Veja) Popularidade no "xilindró" Preso há dois anos, o prefeito de Rio Claro tem apoio da população e quer uma delegada para primeira-dama.(Veja) Com a chegada da polícia, os três suspeitos "puxaram o carro" rapidamente.
c) para realçar uma palavra ou expressão: Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um "não" sonoro. Aquela "vertigem súbita" na vida financeira de Ricardo afastou-lhe os amigos dissimulados.
9. Travessão Emprega-se o travessão para:
a) indicar a mudança de interlocutor no diálogo: - Que gente é aquela, seu Alberto? - São japoneses. - Japoneses? E... é gente como nós? - É. O Japão é um grande país. A única diferença é que eles são amarelos. - Mas, então não são índios?(Ferreira de Castro)
b) colocar em relevo certas palavras ou expressões: Maria José sempre muito generosa - sem ser artificial ou piegas - a perdoou sem restrições. Um grupo de turistas estrangeiros - todos muito ruidosos - invadiu o saguão do hotel no qual estávamos hospedados.
c) substituir a vírgula ou os dois pontos: Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade humana - acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase.(Raul Pompéia)
d) ligar palavras ou grupos de palavras que formam um "conjunto" no enunciado: A ponte Rio-Niterói está sendo reformada. O triângulo Paris-Milão-Nova York está sendo ameaçado, no mundo da moda, pela ascensão dos estilistas do Japão.
10. Parênteses Os parênteses são empregados para:
a) destacar num texto qualquer explicação ou comentário: Todo signo lingüístico é formado de duas partes associadas e inseparáveis, isto é, o significante (unidade formada pela sucessão de fonemas) e o significado (conceito ou idéia).
b) incluir dados informativos sobre bibliografia (autor, ano de publicação, página etc.): Mattoso Camara (1977:91) afirma que, às vezes, os preceitos da gramática e os registros dos dicionários são discutíveis: consideram erro o que já poderia ser admitido e aceitam o que poderia, de preferência, ser posto de lado.
c) indicar marcações cênicas numa peça de teatro: Abelardo I - Que fim levou o americano? João - Decerto caiu no copo de uísque! Abelardo I - Vou salvá-lo. Até já! (sai pela direita)(Oswald de Andrade)
d) isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em substituição à vírgula e aos travessões: Afirma-se (não se prova) que é muito comum o recebimento de propina para que os carros apreendidos sejam liberados sem o recolhimento das multas.
11. Asterisco O asterisco, sinal gráfico em forma de estrela, é um recurso empregado para:
a) remissão a uma nota no pé da página ou no fim de um capítulo de um livro: Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria etc. * É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras palavras.
b) substituição de um nome próprio que não se deseja mencionar: O Dr.* afirmou que a causa da infecção hospitalar na Casa de Saúde Municipal está ligada à falta de produtos adequados para assepsia.

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